CIENTIFICISMO + LIRISMO

Mas a vida é tão maior que as palavras...

"(...)quando o acontecimento não cabe nas palavras, eu costumo usar as palavras, ao contrário, para caberem no acontecimento. Não é a mesma coisa, né, mas quase serve."

(Thami)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Assuma seus sanduíches

Em uma obra no meio-oeste, quando soava o apito da hora do almoço, todos os trabalhadores sentavam-se à mesma mesa para comer. E com singularidade, Sam abria sua marmita e começava a reclamar.

"Filho da mãe!" - gritava, "sanduíches de pasta de amendoim e geléia, de novo, não! Odeio pasta de amendoim e geléia!"

Sam se queixava dos sanduíches de pasta de amendoim e geléia dia após dia, até um de seus colegas de tranalho finalmente lhe dizer:

"Pelo amor de Deus, Sam, se você detesta tanto pasta de amendoim e geléia, por que não pede pra sua mulher fazer algo diferente?"

"Que história é essa de minha mulher?", replicou Sam. "Não sou casado. Eu mesmo faço os sanduíches."

(MILLMAN, Dan. O Caminho do Geurreiro Pacífico.)

domingo, 19 de julho de 2009

Circuito Musical


( CIRCUITO MUSICAL - ÍNDICE )

Agora é a vez de um dos meus xodós. Nascido em Houston, Texas, EUA, a 20 de dezembro de 82, criado em Blue Springs, Missouri, residente em Tulsa, Oklahoma, vencedor da 7ª temporada do American Idol, canhoto, 1,83m, David Roland Cook.


David cresceu vendo o pai tocar violão e escolheu o violino como seu primeiro instrumento — pelos motivos mais escusos. “Eu tentei o violino primeiro porque tinha uma garota na orquestra da escola que eu achava linda.”

Aos 12 anos, ganhou sua primeira guitarra, uma Fender Stratocaster, presente de seu pai. “Meus pais têm uma coleção bem eclética de música. Minha mãe gostava de Kenny Rogers e meu pai estava mais pra Boston, Kansas e Dire Straits. A primeira fita que eu comprei foi Kris Kross. Quando eu tinha 13 anos alguém me mostrou a música ‘Closer’, Nine Inch Nails, e depois que eu passei pela arrogância da letra, realmente gostei da música. Então eu cheguei ao rock, que me fez chegar até aqui.”


Suas influências musicais incluem Our Lady Peace, Alice in Chains, Big Wreck, Pearl Jam, Bon Jovi, Chris Cornell, Switchfoot, Collective Soul, Foo Fighters, Jimmy Eat World e 8stops7. Logo após a vitória no American Idol, perguntado nos bastidores sobre quais eram suas 5 bandas preferidas, ele listou Our Lady Peace, Big Wreck, Foo Fighters, Jimmy Eat World e 8stops7.

Na escola, além do coral, ele participou de diversos musicais, além de estrelar todos os especiais de Natal. Era tamém um grande jogador de baseball, mas uma contusão o afastou da prática esportiva, levando-o a focar-se plenamente na música.

David foi cantor e guitarrista da banda Axium, entre 1999 e 2006. Formou-a quando estava no último ano do colegial, junto com o baterista Bobby Kerr. A banda chegou a tocar com grandes nomes da música, como 8Stops7, Caroline’s Spine, Maroon 5, Fountains of Wayne e Smash Mouth. Uma das músicas da banda, “Hold”, foi escolhida pela rede de cinemas AMC Theatres como a música tema para ser tocada antes dos filmes, utilizada em mais de 20.000 cinemas por todo o país. A Axium também foi nomeada uma das 15 melhores bandas independentes dos EUA pelo “Got Milk?” e eleita a melhor banda de Kansas City, em 2004.


David ganhou uma bolsa para cursar Teatro na University of Central Missouri, mas abandonou o curso após dois semestres, graduando-se, em 2006, em Design Gráfico. Mudou-se então para Tulsa, buscando uma carreira na música; disse a seus pais que "eu só quero me dar até os 26 anos pra arrumar um emprego". Juntou-se à Midwest Kings (banda com a qual a Axium já havia tocado em 2003) para uma turnê, tocando guitarra, baixo, fazendo vocal e segunda voz. A banda viria a acabar, mas alguns de seus membros integraram a nova banda de David.

Ele também trabalhou como garçom em diversos clubes de Tulsa.

Enquanto ainda tocava na Midwest Kings, em 6 de Maio de 2006, David lançou um álbum solo independente, Analog Heart, que foi eleito o 4º melhor álbum lançado pela internet, pelo site Music Equals Life, e a Melhor Produção Local de Álbum Independente no “Absolute Best of Tulsa” em 2007, pela “Urban Tulsa Weekly’s”. Durante o final de semana de 18-20 de abril de 2008, o álbum foi listado como o número 1 de downloads de MP3, na categoria “Today’s Top MP3 Albuns”, no site Amazon.com. Pouco depois, foi removido do mercado, por uma cláusula contratual do American Idol.

Makeover, written by David Cook


Don't Say a Word, written by David Cook


Ele estava gravando seu segundo álbum - no qual ele inclusive tentou, sem sucesso, tocar violino - quando Andrew, seu irmão mais novo, lhe chamou para acompanhá-lo na seleção do American Idol. “No último minuto eu decidi tentar. Andrew e eu estávamos no mesmo grupo de quatro pessoas para a primeira audição e ele não foi selecionado. Isso foi muito constrangedor. Eu virei pra ele e falei ‘Você quer que eu faça isso? Porque se você não quiser, eu não vou.’ E ele me respondeu ‘Se você não fizer eu vou te bater.’” Com sua performance de “Livin’ on a Player”, passou para a fase de Hollywood, com 3 “sim” dos jurados.



David aproveitou bem a oportunidade inédita de utilização de instrumentos pelos próprios competidores, com sua guitarra branca Gibson Les Paul para canhotos com a inscrição “AC”, presente de aniversário de seu pai em seu aniversário de 12 anos. “Tenho dois irmãos, Adam e Andrew. Então, por superstição, eu coloco as iniciais deles em tudo desde pequeno.


A partir do Top 12, começou a usar uma pulseira de silicone laranja, para homenagear uma fã especial, Lindsey Rose, que tem leucemia. Ressaltou que o fato de usar a pulseira representa também uma forma que encontrou de abraçar todas as causas de luta contra o câncer, batalha pela qual seu próprio irmão passou, com vitória.

Sua performance de “Billie Jean”, de Michael Jackson foi ovacionada pelos jurados, principalmente Simon Cowell, que disse que a apresentação de David Cook foi superior a qualquer apresentação que haviam visto até aquele momento no programa, e, embora, soubesse que os arranjos foram feitos com base na versão da música de Chris Cornell, realmente era grande. Esta performance já rendeu mais de 4,5 milhões de acessos no YouTube. A versão de “Always Be My Baby”, de Mariah Carey também foi muito elogiada, inclusive aclamada de pé por Randy Jackson, que é produtor musical da Mariah.

A lista das músicas tocadas por ele no show, aqui.


David Cook venceu a 7ª temporada do American Idol com 56% dos votos, no dia 21 de Maio de 2008, derrotando David Archuleta com uma diferença de 12 milhões de votos. A música da vitória foi “The Time Of My Life”, vencedora do concurso “American Idol Songwriter’s”, promovido pelo programa para que compositores enviassem músicas para ser o single da vitória.

Always Be My Baby, written by Mariah Carrey, Jermaine Dupri and Manuel Seal, arranged by David Cook


I'm Alive, written by Neil Diamond, arranged by David Cook


The Music of the Night, of The Phantom of The Opera, written by Andrew Lloyd Webber, arranged by David Cook


O processo todo me fez começar uma nova vida na qual eu tenho certeza de quem eu sou, como eu nunca tive. Eu aprendi que tenho que aproveitar quando estou cantando para o público, porque se não der certo, tudo bem, eu sigo em frente.”

Na semana do dia 25 de Maio, David Cook conseguiu quebrar vários recordes nos charts da Billboard.

O mais notório foi a proeza de ter 11 músicas de estréia nos charts da Billboard Hot 100, batendo o recorde anterior estabelecido por Miley Cyrus, em 2006, quando ela tinha 6.

Seu primeiro single, “The Time Of My Life”, estreou em 3º lugar na Billboard Hot 100. As onze músicas que chegaram à lista lhe renderam o título de artista que mais colocou músicas no Top 100 em uma semana na era Nielsen SoundScan — que começou em 1991 —, e o que mais colocou músicas no Top 100 em quaisquer das eras desde que os Beatles colocaram 14 músicas na lista, na semana de 11 de abril de 1964.

Além disso, David quebrou outro recorde nesta mesma semana, o de maior número de músicas na Billboard Hot Digital Songs, com 14 músicas de estréia, quebrando o recorde anteriormente estabelecido de 6 músicas por Jon Bon Jovi, em 2007.

As 17 músicas de Cook nos charts da Billboard tiveram um total de 944.000 downloads só na primeira semana. Em junho de 2008, ele se tornou o primeiro vencedor do American Idol a fazer sucesso nos charts do Reino Unido, com o single da vitória. A canção alcançou o 61º lugar em downloads.


Para a produção de seu CD pós-American Idol, David trabalhou com Ed Roland (Collective Soul), Zac Maloy (The Nixons), Jason Wade (Lifehouse), Neal Tiemann (MWK) e Raine Maida (Our Lady Peace). O álbum foi lançado em 18 de novembro de 2008, com o produtor Rob Cavallo, que já trabalhou com nomes conhecidos da música internacional, como Green Day, Goo Goo Dolls e Alanis Morissette. “The Time Of My Life” é uma faixa bônus do CD e conquistou platina no fim de 2008. David recebeu o certificado de Disco de Platina em 22 de Janeiro de 2009.

Ele também assinou contrato para ser o garoto propaganda da marca Skechers, com duração até dezembro de 2009.


Após a tradicional turnê com os Top10 da temporada do American Idol por todo o país, David começou a turnê de seu próprio disco, em fevereiro de 2009.“Nós meio que vamos voltar às nossas raízes e tocar em muitas faculdades. Porque eu lembro de ir a shows quando eu estava na faculdade e sentir uma energia muito bacana ali, que você não encontra em qualquer lugar. Como nos anos 70, todas essas maravilhosas bandas tocaram no circuito das faculdades, e eu quero voltar a isso. É nisso que estou focado — não apenas sair com quatro caras bacanas e nos divertirmos, mas fazer o que eu quero fazer.” Muita polêmica foi criada entre os fãs com relação aos shows da turnê, uma vez que a grande maioria está sendo realizada em pequenos auditórios das faculdades e os ingressos não estão sendo vendidos ao público em geral, uma vez que os estudantes esgotam-nos antes. David postou um vídeo- blog dizendo estar ciente disso, mas que esta será apenas a primeira de muitas turnês.

Amém!

Fontes:
davidcookofficial.com.br
wikipedia
last.fm


Light On, written by Brian Howes and Chris Cornell


Come Back To Me, written by Amund Bjorklund, Espen Lind and Zag Maloy


Declaration, written by David Cook, Gregg Wattenberg and Johnny Rzeznik


Heroes, written by Cathy Dennis, David Cook and Raine Maida


Lie, written by Amund Bjorklund, David Cook, Espen Lind and Zac Maloy


Bar-Ba-Sol, written by Chris Wojtal, Danny Grady, David Cook, Jade Lemons and Steve Slovisky


Acho que dizer que ele é meu xodó já diz bem o carinho que eu tenho por esse sujeito. Vi ele aparecer pro mundo, torci pra ele o tempo todo no AI, primeiro por ver um roqueiro se destacando nesses programas que só lançam pop, (logo) depois por constatar que ele é muito booom. Enfim.. ;)



( CIRCUITO MUSICAL - ÍNDICE )

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Circuito Musical


( CIRCUITO MUSICAL - ÍNDICE )

Em honra ao Dia Mundial do Rock, (e satisfazendo minha preguiça), Top 10 Rock - minhas dez preferidas (ou dez das minhas preferidas, e numa ordem bastante qüestionável, pra ficar mais condizente) do bom e velho Rock'n'roll. Hey ho, let's go.

10º) Day Tripper, by The Beatles

(Coloquei só uma dos Beatles e em 10º pra dar chance pra outras =P )

9º) What I Like About You, by The Romantics


8º) Have You Ever Seen The Rain, by Creedence, versão de Rod Stewart


7º) It's A Long Way To The Top (If You Wanna Rock 'n' Roll), by AC/DC


6º) Castaway, by Green Day


5º) Can't Stop, by The Red Hot Chili Peppers


4º) You Shook Me All Night Long, by AC/DC


3º) I'm Alive, by Neil Diamond, versão de David Cook


2º) Sweet Home Alabama, by Lynyrd Skynyrd


1º) Johnny B. Goode, by Chuck Berry


( CIRCUITO MUSICAL - ÍNDICE )

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Reabilitação Literária

Eu infelizmente perdi o hábito de ler, nos últimos anos - internet e aumento da carga escolar são o que basicamente explicam - mas não justificam. Enfim... Fazia tempo não lia um livro por prazer (se descontarmos HP, muito tempo); e, por mais que gostasse dos da escola/vestibular (o que acontecia com animadora freqüência), não é a mesma coisa...

Tô lendo, agora, finalmente por prazer, e como início de uma "reabilitação literária", Insônia, do Stephen King. Não vou falar sobre o livro em si, porque ainda não o terminei, mas quero compartilhar minha grata surpresa em redescobrir a genialidade que a escrita de um bom livro exige/compreende.

Quando me deparo com um pensamento involuntário super-elogioso a respeito do que estou lendo, não consigo deixar de dar uma viajada pra fora da leitura por um momento, e lembrar do meu Ensino Médio (época principal do afastamente da leitura) escrevendo (e, modéstia a parte =P , escrevendo bem) redações e mais redações. Sempre me preocupando com coesão, articulação, clareza, estética, estratégias, domínio do tema, da lingüagem... Era sempre difícil fazer algo realmente bom - coisas marromenos não requeriam muito esforço - e eu sempre gostava do desafio. Gostava de brincar com as palavras, tentando encontrar a melhor combinação pra colocar a melhor idéia da melhor maneira no papel. Era, geralmente, um par ou mais de horas para fazer uma página de que me orgulhasse e que me deixasse contente e satisfeito. E, de fato, me deixava contente e satisfeito. (Ainda gosto, ainda me deixa.)

Agora, lendo um livro, um bom livro, me fascino, me maravilho quando a história vai tomando corpo sobre meu colo. Em outras palavras, tudo que eu me empenhava para fazer em uma página, com um sorriso cerrado de satisfação-em-encarar-um-desafio no rosto, eu vejo ali, em duzentas e tantas folhas, frente e verso, metade do tamanho da fonte. Ainda em outras palavras, é alguém que se enche de euforia com o desafio de fazer 90% de I love rock'n'roll no Easy do Guitar Hero assistir alguém fazendo 100% de Free Bird no Hard.

Não tem como não achar o máximo, sorrir.

terça-feira, 7 de julho de 2009

God bless, Michael

Caralho, mas eu chorei no cerimonial do Michael...

E, de tanta coisa que me expremeu o coração, no bom e no tão bom sentidos, se é que posso colocar assim, quando o Usher cantou Gone Too Soon, sem conseguir segurar o choro...



More than ever, Michael, you have with you, wherever you are, all my love. May you rest, at last, in peace. And you can now leave to History to carry on your legacy and all your work, because it sure will. God bless and thank you.

sábado, 4 de julho de 2009

Circuito Musical | R.I.P.

(Me dei o luxo de ceder à preguiça e pular o Circuito da semana passada, porque era meu aniversário e tals. =p )


( CIRCUITO MUSICAL - ÍNDICE )

Bom, como anunciado, esta semana é homenagem.

Michael Joseph Jackson (29.08.1958 – 25.06.2009 1,80m)


A vontade, necessidade de falar dele aqui foi instantânea, quando veio a notícia, dia 25. De lá pra cá bolei vários planos sobre o que falar - o que não falta é opção - mas não conseguia ficar satisfeito com nenhum. Acabei percebendo que, agora, não importam mais.

O que importa é o que vai ficar, e o porquê disso ficar. E é disso que vou falar.

O que as pessoas vão falar, daqui a 50 anos, quando toparem com o nome Michael Jackson?

"Não era pecador, mas também não era santo. Boa pessoa, nasceu preto, morreu branco."? Acusações de pedofilia? Botar o filho pro lado de fora da janela do sei-lá-qual andar?

Não, nenhuma dessa bobajada.

E, pra que não digam que sou um fã falando, também não acho que

abuso total na infância, massacre da imprensa, Síndrome de Peter Pan, timidez, boa pessoa enrustida

serão ouvidos.

Poruqe não é nada disso que vai ficar.

O que vai ficar (e não falo como fã) é

a dança, o moonwalk, as histórias de vovôs e vovós tentando imitar os passos, a luvinha branca, a calça preta pega-frango e mocassim preto com meia branca, as fenomenais voz e técnida vocal, o brilhantismo na composição, a arte de fazer videoclipe, o sucesso universal, o álbum mais vendido de todos os tempos (sim, ainda o será daqui a 50 anos) - enfim, a MÚSICA - O REI DO POP.

É isso que vai ficar. Porque o cara foi, o cara é foda. Especial. Único.


Agora, pra dar voz ao fã em mim, mando vocês ao blog do Marcos Mion. Acho que todos conhecemos ele. Sinceramente, não me identifico muito. Justamente por isso gostei tanto desse post: alguém totalmente diferente de mim, gostos totalmente diferentes dos meus, longe de ser (ou pelo menos assim faz questão de se mostrar) sensível... mas alguém que compartilha do mesmo sentimento que eu (e que mais tantos e infindos tantos, tenho certeza) quanto ao Michael:

http://mtv.uol.com.br/marcosmion/blog

(Os posts Dias estranhos....., partes 1 e 2)

(Eu postaria o texto aqui, devidamente "referenciado", mas sei lá, achei melhor não... =P )























(Foi difícil conseguir esses vídeos, os do youtube tudo bloqueado ¬¬ )


Vida Longa ao Rei. Descanse, finalmente, em paz, Michael. E obrigado.



( CIRCUITO MUSICAL - ÍNDICE )

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Polêmica, pra variar

Em homeagem ao senhor Dê Paula e seu blog cheio de intrigas, fujo um pouco aqui do caráter puramente artístico (arte: qualquer forma de expressão destinada a tratar de sentimentos. (ROSA, Marcos. Definições inventadas na hora, 2009.)) e trato de um tema, as I see it, polêmico. É, inclusive, algo de que tenho vontade de falar aqui há muito (and I mean muito) tempo.

Religião.

“Não há registro em qualquer estudo por parte da História, Antropologia, Sociologia ou qualquer outra "ciência" social, de um grupamento humano em qualquer época que não tenha professado algum tipo de crença religiosa. As religiões são, então, um fenômeno inerente a cultura humana, assim como as artes e técnicas.” (VALÉRIO, Marcus. Religião. - não é o doidão do mensalão.)

Assim sendo, não é possível determinar com satisfatória certeza a época do surgimento da religião, tampoco seu conceito, prático e teórico, original.

No entanto, um estudo histórico e etimológico do termo religião pode oferecer um vislumbre da idéia original por trás da prática a que foi atribuído tal termo.

“A palavra "religião" foi usada durante séculos no contexto cultural da Europa, marcado pela presença do Cristianismo, que se apropriou do termo latino religio. Em outras civilizações não existe uma palavra equivalente. O Hinduísmo antigo utilizava rita, que apontava para a ordem cósmica do mundo, com a qual todos os seres deveriam estar harmonizados e que também se referia à correta execução dos ritos. Mais tarde, o termo foi substituído por dharma, que atualmente é também usado pelo Budismo e que exprime a idéia de uma lei divina e eterna.

Rita relaciona-se também com a primeira manifestação humana de um sentimento religioso, a qual surgiu nos períodos Paleolítico e Neolítico, e que se expressava por um vínculo com a Terra e com a Natureza, os ciclos e a fertilidade. Nesse sentido, a adoração à Deusa mãe, à Mãe Terra ou Mãe Cósmica estableceu-se como a primeira religião humana. Em torno desse sentimento formaram-se sociedades matriarcais centradas na figura feminina e suas manifestações. Ainda entre os hindus destaca-se a deusa Kali, ou A negra, como símbolo dessa Mãe cósmica. Cada uma das civilizações antigas representaria a Deusa, com denominações variadas: Têmis (Gregos), Nu Kua (China), Tiamat (Babilônia) e Abismo (Bíblia).

Segundo o mitologista Joseph Campbell, a mudança de uma idéia original da Deusa mãe identificada com a Natureza para um conceito de Deus deve-se aos hebreus e à organização patriarcal de sua sociedade. O patriarcalismo formou-se a partir de dois eventos fundamentais: a atividade belicosa de pastoreio e às constantes perseguições religosas que desencadearam o nomadismo e a perda de identidade territorial.

Historicamente foram propostas várias etimologias para a origem de religio. Cícero, na sua obra De natura deorum, (45 a.C.) afirma que o termo se refere a relegere, reler, sendo característico das pessoas religiosas prestarem muita atenção a tudo o que se relacionava com os deuses, relendo as escrituras. Essa proposta etimológica sublinha o carácter repetitivo do fenômeno religioso, bem como o aspecto intelectual.

Mais tarde, Lactâncio (séculos III e IV d.C.) rejeita a interpretação de Cícero e afirma que o termo vem de religare, religar, argumentando que a religião é um laço de piedade que serve para religar os seres humanos a Deus.

No livro A Cidade de Deus, Agostinho de Hipona (século IV d.C.) afirma que religio deriva de religere, "reeleger". Através da religião, a humanidade reelegia de novo a Deus, do qual se tinha separado. Mais tarde, na obra De vera religione, Agostinho retoma a interpretação de Lactâncio, que via em religio uma relação com "religar".

Macróbio (século V d.C.) considera que religio deriva de relinquere, algo que nos foi deixado pelos antepassados.

Independente da origem, o termo é adotado para designar qualquer conjunto de crenças e valores que compõem a fé de determinada pessoa ou grupo. Cada religião inspira certas normas e motiva certas práticas.” (Adaptado de Religião. In Wikipedia.)

O conceito original de religião, conforme estudado acima, engloba seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como característica fundamental um conteúdo Metafísico, portanto é fruto do pensamento humano, de modo que é perfeitamente compreensível o surgimento, ao longo dos tempos, de milhares de desmembramentos, tantos quantas são as variações de ideologia na história.

Não vou defender a “liberdade religiosa”, porque acredito que a Revolução Francesa já tenha se encarregado disso. Minha questão é outra, e mais essencial (relativa a essência): a Religião deve servir ao Homem, e não o contrário.

Com o passar dos milênios, a religião vestiu uma roupagem ligeiramente, mas fundamentalmente, diferente. Ela há muito deixou de ser um guia e tornou-se uma “norma de conduta”. Os livros sagrados transformaram-se em manuais de regras. Muitos simplesmente estão brincando de “Céu ou Inferno”, e a religião está ali para ensiná-los a ganhar o jogo.

Eu estaria menosprezando a validade da religião e da fé se dissesse que a maioria da humanidade está simplesmente jogando. Seria errado fazer tal consideração. Mas, a meu modo de ver, mesmo indivíduos mais espiritualizados, mais religiosos, que levam a sério a religião, que querem realmente fazer aquilo que é o melhor e o certo para eles, para suas almas, mesmo esses distorcem o sentido da religião. Isso não faz deles más pessoas, longe disso. É meramente uma questão de má interpretação, ou um mau direcionamento da fé.

A imensa maioria das pessoas deposita sua fé em sua religião – até aí, tudo perfeitamente bem. O problema é a má interpretação de o que é religião. As pessoas buscam a religião, seja qual for, na esperança de encontrar apoio, “verdade”, algo que os guie na direção de uma vida bem vivida, possibilitando uma pós-vida (seja lá o que elas entenderem por isso) em paz. Elas lêem o seu livro sagrado como quem lê um livro de ciências, ou como quem escuta um professor ensinando como resolver uma equação – elas acreditam que a religião lhes fornecerá as respostas que procuram.

Os fanatismos religiosos são exemplos (extremos, claro) dessas más interpretações, assim como de que sempre haverá pessoas dispostas a se aproveitar dessa ingenuidade e necessidade de encontrar respostas da humanidade. Vide a Idade Média e os grupos terroristas árabes.

“Grande parte de todos os movimentos humanos significativos tiveram a religião como impulsor, diversas guerras, geralmente as mais terríveis, tiveram legitimação religiosa, estruturas sociais foram definidas com base em religiões e grande parte do conhecimento científico, "filosófico" e artístico tiveram como vetores os grupos religiosos, que durante a maior parte da história da humanidade estiveram vinculados ao poder político e social.” (VALÉRIO, Marcus. Religião.) Mesmo em questões menores, “coisas do dia-a-dia”, isso se vê: inúmeras pessoas vão à igreja no domingo por puro hábito, quiçá obrigação; outras tantas são vegetarianas porque “minha religião não deixa comer carne”; quantos não “pecam” à vontade e acreditam que se redimem ao confessar-se com o padre...

A religião deve ser como eram os diálogos de Sócrates: uma fonte de sabedoria externa trabalha em função de auxiliar a descoberta/criação da sabedoria interna, particular, individual. Os livros sagrados não tratam de uma realidade exata, material, mas de um estudo, uma interpretação dessa realidade. Se fosse possível para nós conhecer a “verdade”, não haveria divergências entre religiões, sequer haveria religiões, porque todos concordaríamos.

Eu penso assim, e é por isso que não me declaro seguidor de nenhuma religião – pois acredito que, por mais que eu tenha grande afinidade com determinada doutrina, me dizer espírita, por exemplo, restringiria e materializaria demais a minha fé. Não, eu tenho a minha própria religião, como minha forma pessoal de entender o mundo em que vivo e buscar nele o meu melhor caminho. Para isso, compactuo com aspectos do Espiritismo, do Budismo, do Hinduísmo e com mais qualquer outra idéia que me pareça certa e adequada.

Faço minhas, portanto, as palavras de Alan Kardec, fundador do Espiritismo: “inabalável só a é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.” E a razão existe dentro de nós, para ser descoberta, com a ajuda alheia, por nós mesmos.