CIENTIFICISMO + LIRISMO

Mas a vida é tão maior que as palavras...

"(...)quando o acontecimento não cabe nas palavras, eu costumo usar as palavras, ao contrário, para caberem no acontecimento. Não é a mesma coisa, né, mas quase serve."

(Thami)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O que é a coisa em si?

[ A pedido de mrs. Bárbara, que viu a questão no Jô e perguntou se podia me "dar um tema pra texto". ^^ (E usurpando ( =P ) os colchetes de doutor Raphael. ^.^' ) ]

Sempre que me perguntam o que é alguma coisa, gosto de citar o sr. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, pra eu não precisar puxar o assunto (detesto puxar assunto, sabe.. ^.^' ). (E o dito cujo vai-se fazer bem mais presente por aqui a partir de agora, graças ao seu Gustavo, que me presenteou com a versão virtual da enciclopédia de palavras - dá uma preguiça manejar a material. =P ) Pra começar, entonces:

COISA
[Var. de cousa.]

Substantivo feminino.

1.Aquilo que existe ou pode existir:
todas as coisas do Universo.

2.Objeto inanimado:
os animais e as coisas.

3.Realidade, fato:
Não veremos palavras, mas coisas evidentes.

4.Negócio, interesse:
Sabe tratar de suas coisas.

5.Empreendimento, empresa:
Agora a coisa vai.

6.Acontecimento, ocorrência, caso:
Foi assim que se deu a coisa.

7.Assunto, matéria:
Trata-se de coisa séria.

8.Causa, motivo:
Que coisa provocou o rompimento dos dois?

9.Mistério, enigma:
Aí tem coisa, ninguém a entende.

10.Pop. Perda dos sentidos, ou mal-estar ou indisposição indeterminada; troço:
Tomou uma dose exagerada do medicamento e teve uma coisa.

11.Bras. Gír. V. troço (2):
Traz esta coisa aí para eu examinar!

12.Bras. PB V. baseado1.

Substantivo masculino.

13.Bras. Pop. V. diabo (2).


Pra vocês terem uma idéia da complexidade da coisa, ela tem até vida própria, é capaz de ser ação, tem até verbo próprio pra ela e tudo. Aí, ó:


COISAR
[De coisa + -ar2.]

1.Na linguagem inculta, esse verbo substitui qualquer outro que não ocorre a quem fala.

Verbo transitivo direto. Bras. Pop.

1.Refletir, matutar; imaginar.

Verbo transitivo indireto.

2.Bras. Pop. Cuidar; preparar:
F. está coisando do almoço.


O que é a coisa em si, então?

Bom, eu sei que, de todas as coisas que existem no Universo, há as coisas e as coisas animadas, de todas as espécies, as quais tratam de suas próprias coisas, dentro de suas próprias coisas, tentando coisar a coisa, já que esta é coisa séria.
E que coisa provocou tudo isso? Uns dizem que foi Deus, outros, o Big-Bang, e outros ainda, outras coisas - mas no que todos concordam é que aí tem coisa.
Muita gente já teve coisa coisando a cabeça com essa coisa toda, a ponto de, alguns, apelar pra coisa, seja ela qual for.
Eu, por mim, não me preocupo em coisar minhas coisas com essa coisa toda. Tenho coisa melhor pra coisar, sem ficar coisando sobre coisa tão coisada.

Ah, só uma última coisinha: se a coisa pode ser Deus, o diabo e o Big-Bang, então eu diria que a coisa pode ser tudo. Mas tudo "que existe ou pode existir" - ou seja, tudo - também pode ser a coisa. Se a coisa é tudo, e tudo é a coisa, então tudo é tudo, e a coisa é a coisa. A coisa é um ciclo sem fim. A coisa é autosuficiente. A coisa é onipresente, onisciente e onipotente.

Que coisa, hã?

;D

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Deep Above

Fly (fly!)
Spread your great wings and fly (fly!)
Go up there to find
Everything you are
(2X)

Climb
The highest mountains inside of you
And
When you get way up there

Fly (fly!)
Spread your great wings and fly (fly!)
Go up there to find
Everything you are

Tell me, now, honey, what is it that bugs you?
Scream it loud, honey, your angel'll hear you
But don't just shout, honey, you too must get to you
Go deep down yourself and find your way to

Fly (fly!)
Spread your great wings and fly (fly!)
Go way up there to find
Everything you are

Climb
The highest mountains inside of you
And
When you get way up there

Fly (fly!)
Spread your great wings and fly (fly!)
Go way up there to find
Everything you are

When you get high
Deep beneath your skin
And talk to the voice within
Then you'll have

Flown (flown!)
Riding your own mind, you flew (flew!)
Helping to help yourself, you knew,
Your angel's nothing else but a part of you

And you learn
Learn that all you need is love
Love from up above
From youself and all those who you hold
Deep inside your heart
Deep inside your heart


domingo, 20 de julho de 2008

sábado, 12 de julho de 2008

Falando em dimensões...

Quando digo que há inúmeras dimensões nos mundos aqui a minha volta, me refiro, claro, a dimensões distintas - algumas assemelham-se ou mesmo coincidem em um ou vários pontos, mas, em sua totalidade, são diferentes umas das outras. Mas, apesar de diferentes, elas todas possuem uma proximidade, estão perto umas das outras (não me refiro a proximidade de espaço, porque espaço nada tem a ver com isso). Isso é como uma regra, afinal, trata-se de uma questão de afinidade, uma das leis mais básicas da natureza.

Eu, como qualquer um, possuo minhas dimensões exclusivistas, aquelas particulares, que me particularizam. Algumas até divido com alguns poucos, algumas nem isso. Mas há uma, em especial...

Bom, há uma dimensão, em especial, que me intriga. Possivelmente a parcela de mim que mais mexe com minha cabeça, embora eu não me perca em muitos devaneios acerca dela. Vejo-a como sendo um espaço extremamente remoto dentro de mim - mas, mesmo remoto, é também determinante na base de quem eu sou; uma dimensão que quebra a inquebrável regra da afinidade - ou pelo menos assim me parece: nos não muitos e não muito frequentes devaneios que invisto nela, não consigo enxergá-la mais próxima do que far far away de tudo e todos a minha volta. So so far far away que nem ao menos consigo sequer querer falar sobre isso com alguém, qualquer um.

Já enxerguei tal aspecto como sendo um indicador de progresso de minha parte... várias vezes. Assim como também já o vi, outras tantas vezes, como uma parcela da minha vida terrena material que eu simplesmente não trabalhei - o que me parece hora bom, hora ruim, dependendo fundamentalmente da minha auto-confiança.

Conscientemente, minha consciência sempre me diz que tal questão não é nem de longe tão fundamental quanto tudo e todos a minha volta a fazem parecer. Conscientemente, não me sinto nada aflito por ser o único caolho numa terra de cegos.

Inconscientemente, talvez, não sei bem, algo sempre me diz, ao contrário, que tal questão é sim importante - talvez não tanto quanto se faça parecer, mas, ainda assim, fundamental. Inconscientemente, me sinto aflito por ser o único cego em meio a um tiroteio.


É bem verdade que raramente me volto pra esse assunto. E que, quando não estou preocupado com ele, ele em nada interfere na minha vida. E, se interfere, interfere positivamente, visto que tem papel significante no meu caráter, na minha personalidade, em mim - e eu gosto de mim. É essa realidade que me leva a, conscientemente, não me preocupar com isso.

Mas... e se for de fato algo importante, que irá me fazer falta... e eu descobrir isso do pior jeito?

Quer dizer... É tipo: it's gonna be sunny or it's gonna be rainny?



Obs.: Fico sucessivamente me referindo a "dimensões" aqui. Alguém que tenha pego o bonde andando pode achar isso estranho, conversa de doido, coisa daquelas teorias malucas que pipocam por aí a toda hora... Não. Se me refiro a "dimensões", há todo um conceito por trás da palavras que vai muito além e que, na verdade, pouco tem a ver com a própria palavra. Discuti isso de "dimensões" no post "Tell me, now, what do you see?", ali em baixo. Não me taxem como doido varrido que não merece sua atenção, por favor. Pelo menos não por isso.

domingo, 6 de julho de 2008

Reverências, idolatrias, pedestais....

A carência de um público alvo adeqüado inibe meus razoavelmente freqüentes desejos de falar sobre tênis por aqui...

Mas hoje... Ahh, mas hoje...

Não vi nada de Wimbledon esse ano, graças à infeliz coincidência entre as duas semanas do torneio e as minhas duas semanas de simulado. Nem a chave do torneio eu imprimi. (O peso disso: imprimi, com uma semana de antecedência, a chave de todos os Grand Slams dos últimos dois anos, e preenchi, a mão, dia a dia, do primeiro ao último jogo, e ainda guardo todas juntas.) u.u'

Enfim... Acordei hoje, cedo, tendo visto só um jogo do torneio, gravado ainda por cima. Mas pelo menos a final eu ia ver. Federer e Nadal. Na minha lista de passatempos prediletos, tá lá, lá em cima, Federer e Nadal.

Roger Federer, o Leão da Montanha*, é considerado por muitos - por Nadal, inclusive - o "maior de todos": mais veloz, mais habilidoso, mais inteligente, mais completo, mais versátil, mais focado, mais intenso, mais brilhante, mais mais, mais tudo; um verdadeiro mago dentro de quadra, com seus inúmeros recordes, um verdadeiro gênio, o verdadeiro gênio.

Rafael Nadal, o Touro Miúra* é um monstro psicológico e físico dentro de quadra: com um foco e uma atitude perfeitos, não larga o osso por um segundo que seja, vai em todas as bolas, chega em todas as bolas, chega bem em todas as bolas; menos habilidoso, menos genial, menos completo, menos versátil, mas perfeito tatica, fisica e mentalmente, o tempo todo.

Números 1 e 2 do mundo, respectivamente, já há mais de quatro anos, os (a essa altura) compadres já se enfrentaram 17 vezes - maior rivalidade do tênis atual, de longe. No embate de titãs, a soma de vetores sempre tendeu para o lado espanhol: Federer 6 x Nadal 11. O suiço sempre demonstrou grandes dificuldades - aquelas que todos têm ao jogar contra ele - ao enfrentar o espanhol. A situação chegou ao ponto de Federer ser dito freguês de Nadal.

Ao longo desse caminho, o 1 tornou-se Imperador de Wimbledon, com 5 títulos consecutivos e status de Deus em Londres; o mesmo com o 2, em Paris: tricampeão consecutivo, nunca perdeu um jogo sequer em Roland Garros, o Rei do saibro.

A única coisa que impedia um de conquistar o império do outro é o próprio outro. Roland Garros, maio/junho de 2006, final, Nadal e Federer, vitória de Nadal. Wimbledon, junho/julho de 2006, final, Federer e Nadal, vitória de Federer. Roland Garros, maio/junho de 2007, final, Nadal e Federer, vitória de Nadal. Wimbledon, junho/julho de 2007, final, Federer e Nadal, vitória de Federer.

Eis que chega 2008. Federer investe pesado em seu jogo no saibro, visando abertamente enfim ganhar o Aberto da França. Entrou como um foguete nos 2 Maters que antecederam Roland Garros, jogou como nunca no saibro, chegou com tudo em ambas as finais. E, em ambas as finais, tremeu diante de Nadal, chegando a liderar alguns sets por 5x1 e perder por 7x5. Sem se deixar abalar, chegou como um trator nas quadras de Paris e à final. Somente para sofrer a pior derrota que já o vi sofrer, em um jogo patético de menos de 2 horas.

Mas tudo bem, em Wimbledon seria sua vez.

Não vi seus jogos, somente a semi-final gravada. O bastante pra me impressionar. Fazia tempo não o via tão bem. Perdeu seu saque somente duas vezes em todo o torneio.

Estou me esquecendo do espanhol. Nadal também, ouvi dizer, chegou voando à final, como tem sido em todo o ano. E que ano! Nadal atingiu seu auge: seus adversário andam se matando para ganhar um, dois games dele.

Enfim...

Não poderia existir atmosfera melhor para receber a grande final do maior torneio da história do tênis, com mais de 120 anos de tradição. A quadra central do All England Club consiste no maior templo do esporte. E tanta magia não merece nada menos que uma final tão tão, entre dois dos maiores da história.

10 horas, hora do espetáculo.

Mas a chuva chegou antes. O início da transmissão mostra uma lona sobre a verde e desgastada grama. E assim foi por mais de uma hora.

O início da partida veio um pouco antes de o Sportv se dar conta e parar de reprisar a final feminina, de modo que perdi os dois primeiros games, então quando a eles, nada posso dizer.
Quanto ao resto, por outro lado...

O jogo começou equilibrado, ambos jogando muito bem, muito sólidos, muito focados, com muita vontade.

Mas Federer escorregou, como ele sempre escorrega contra Nadal, e perdeu o saque pela terceira vez no torneio. O espanhol, que nunca escorrega contra Federer, não escorregou, e levou a vantagem até o final do set, até o 6x4.

O segundo set foi mero replay do primeiro. Outro 6x4 para Nadal.

O terceiro ia da mesma forma, equilíbrio total, ainda sem o escorrego de Federer. A hora da onça beber água** chegou, 4x4, Federer no saque, 40 iguais, e a chuva veio matar a sede da onça. E lá se vai mais meia hora de reprise, agora do jogo que eu gravei.

O sol, aquele sol sem vergonha londrino, resolveu sair e assistir o jogo, que esquentou diante do novo espectador.

Federer não escorregou, levou o set ao tie-brake e venceu.

O quarto set seguiu com um equilíbrio ainda maior, o que eu achava impossível. Sem quebras de saque, de volta ao tie-brake. E que tie-brake! Pra falar pouco, Nadal fez mágica para chegar ao match-point, com o saque. Federer contra-atacou com mágica ainda mais absurda, para salvar o match-point. E acabou ganhando o set.

Nessa brincadeira, sem contar as paralizações, já se havim ido quase 4 horas de jogo. Cenário perfeito para um quinto set sem tie-brake.

Eu, já sentado na ponta do sofá, tremendo de excitação, assisti a mais um pouquinho de puro equilíbrio, que levou o set a 2x2 e 40 iguais, antes de o sol se retirar, nervoso que estava. E dá-lhe chuva.

Quando a chuva foi embora, o sol não voltou - já anoitecia em Londre. E mais essa: Wimbledon, com todas suas tradiões centenárias, não usa luz artificial. Graças a Deus que o verão europeru vê luz do dia até 10 da noite. E já eram mais de 9.

Foram-se mais quase uma hora, e o jogo chegou a um final indescritivelmente indescritível. À altura do 6x6 eu já gritava com cada ponto - e olha que eu não torcia pra ninguém; ou melhor, torcia pros dois, torcia pro jogo não acabar nunca mais. A coisa chegou a um ponto em que não havia nada que separasse os dois, eles eram iguais, perfeitos. Uma batalha épica, digna de Cavaleiros do Zodíaco, Senhor dos Anéis, Tróia, Matrix e qualquer outra. A coisa chegou a um ponto em que a única razão que levaria um dos dois, qualquer um dos dois, a vencer seria que alguém tem que vencer. Eu, por mim, rachava o troféu no meio e dava metade pra cada. Faria o mesmo com a glória, mas nisso existe justiça, e ela estava muito a minha frente: não existe glória maior que fazer o que aqueles dois estavam fazendo ali. E não existe glória maior, pra mim, que assistir àquilo, assistir à história sendo feita.

O jogo terminou, infelizmente, com incríveis (mas poderiam ser mais) 4 horas e 48 minutos. 3 sets a 2: 6-4 / 6-4 / (5)6-7 / (8)6-7 / 9-7. E eu terminei também, extasiado, emocionado - lágrimas chegaram a pular dos meus olhos, querendo elas também ver o espetáculo. Um jogo que tomou proporções tão incríveis, que agora simplesmente não consigo mais usar palavras pra me expressar.

Tudo que me resta para manifestar alguma voz são reverências, idolatrias, pedestais....

*Títulos conferidos pelo comentarista Dácio Campos. **Expressão do comentarista Osvaldo Maraucci.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Hino aos Otários



Por amor às causas perdidas. ;)