CIENTIFICISMO + LIRISMO

Mas a vida é tão maior que as palavras...

"(...)quando o acontecimento não cabe nas palavras, eu costumo usar as palavras, ao contrário, para caberem no acontecimento. Não é a mesma coisa, né, mas quase serve."

(Thami)

domingo, 29 de junho de 2008

Tell me, now, what do you see?


"A quarta dimensão é o tempo, tô te falando!"
"Não do ponto de vista da álgebra linear. É só uma questão de localização do vetor."

Para os cartoons, existem duas dimensões; para o senso comum, três; para os pseudo-entendidos de física, quatro; para os físicos de verdade, treze; para os matemáticos, n... Mas isso é o tipo de discussão inútil que amigos nerds gostam de ter quando se juntam. Se me perguntassem, ali, - o que não foi o caso, porque, infelizmente, peguei só o finalzinho da conversa dos amigos nerds - eu encheria a boca com um pouco do meu ralo conhecimento de física quântica.

Se eu tivesse tempo pra pensar no sentimento, no entanto...


- Marcos, quantas dimensões você acha que existem, afinal?
- Hmm...
- Me diz quantas dimensões você vê - diz algum amigo não-nerd e que não gosta do rumo do papo.
- Quantas você vê? - eu respondo.
- Eu vejo três, ora.
- Pois eu vejo muito mais.
- Você vê mais que três dimensões? Você mais que três dimensões? - céticos e debochados.
Em meio a risos - o que muito me agrada, já que, como se sabe, gosto de fazer meus amigos rirem -, o assunto morre e outro surge, para alívio dos não-nerds.

A vida acontece mais dentro do que fora da gente. E, por isso mesmo, ela é sentimento, emoção, memória, assim como as pessoas também o são. O mundo não é material, o mundo é emocional. Os olhos não estão no mundo, o mundo está nos olhos.

Eu olho para aquela foto ali em cima e para o título: Tell me, now, what do you see?

Eu vejo memória, sentimento, emoção. Não vejo três dimensões, materiais. Não. Vejo infinitas, emocionais.

Vejo uma em que números dançam, pulam, brincam, riem... Vejo outra cheia de facas e canivetes de brinquedo, ketchup e colírio... Em outra, vejo, por anos a fio, quadras, cestas, gols, redes, raquetes, bolas bolas bolas bolas... Uma outra ressoa com conversas infindáveis, sem começo nem fim, lindamente infinitas. Adoro quando chega aquela em que ursinho de pelúcia se torna real, e ele me abraça tanto quanto eu abraço ele, e ele brinca comigo tanto quanto eu brinco com ele. Em outra, pouco tempo e poucos encontros se tornam muito, quando há troca de músicas para banhar o ambiente. Há uma que consiste na Disney World dos cérebros. Seguindo, vejo uma em que anos de papos-cabeça conversam entre si, como que em uma gincana de personalidade e excentricidade. A parada seguinte é em uma dimensão com aspecto e ar sagrado, em que um mero segundo de presença é capaz de polir a alma a ponto de pô-la à semelhança de Luz. Há uma diplomática, com ar de infância madura. Outra boa parada: dimensão de ar lírico, paisagens modernas e clássicas, em que palavras simbólicas são capazes de realizar qualquer sonho que um coração consiga poetizar. Há ainda uma em que rege a ditadura de um bobo da corte, cujo pulso firme torna qualquer coisa hilária.

Essas dimensões são adimensionais e infinitamente finitas, tendo por fim o infinito. Cada uma se ramifica em inumeráveis ramificações, que continuam a se ramificar, cada vez mais a fundo, até voltar às dimensões originais - um sistema caótico, fechado e completo. Muitas ainda se cruzam em diversos afixos, coexistem em várias congruências, outras passam desapercebidas uma da outra, indo se encontrar no infinito. Muitas comportam muitos companheiros juntos, outras são exclusivamente exclusivas e exclusivistas.

Por fim, há, ainda, uma última, que engloba todas essas e aindas outras muitas. Essa tem um notado caráter auto-biográfico...


- MARCOS! Puts, onde cê tá com a cabeça, ein?
- ... Em outras dimensões, sorry. Bora jogar poker?!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

domingo, 8 de junho de 2008

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Davids Cook and Archuleta (by Nickelback)