CIENTIFICISMO + LIRISMO

Mas a vida é tão maior que as palavras...

"(...)quando o acontecimento não cabe nas palavras, eu costumo usar as palavras, ao contrário, para caberem no acontecimento. Não é a mesma coisa, né, mas quase serve."

(Thami)

sábado, 18 de abril de 2009

No metrô

Adoro observar (comtemplar, se quiserem levar a coisa pelo lado romancizado =P ) as pessoas, já inclusive escrevi sobre isso aqui. E o faço com especial "intensidade" (na falta de palavra mais adeqüada) quando estou a toa, esperando o tempo passar. O metrô é um perfeito exemplo.

Voltando da puc, estava eu na minha rotineira observância. Muitas coisas (leia-se "pessoas, cenas, ...") me despertaram a atenção, como sempre despertam. Usualmente são coisas que olho com um pouco mais de atenção, mas ainda só de passagem, não me prendo a elas, volto a vagar o olhar/mente pelo ambiente (maldita rima >.< =P ).

Hoje uma dessas coisas subiu de nível e apreendeu-me por todo o tempo em que esteve presente. Foi uma menina, regula de idade comigo, (não vou ser capaz de descrevê-la com exatidão, então prefiro nem começar - minhas memórias comumente se salvam em forma de sentimento, e não de imagens... dificílimo reproduzir dignamente); e foram dois momentos:

no primeiro, logo que entrou, foi captada por meus sentidos (menos pelos cinco usuais do que por outros mais etéreos) - como geralmente se passa com tudo aquilo que me chama a atenção. Passou por mim e foi se perder em meio às pessoas, mais adiante no vagão. Voltei à vadiagem observante;

no segundo, vagou um lugar a uns 2 metros de mim, a minha frente, um pouco à direita. Ela arisca e prontammente ocupou-o. Aproveitei a oportunidade para observá-la um pouco mais calmamente, e foi aí que ela subiu de nível.

Geralmente minha olhância é despreocupada, casual, inocente, alegrezinha. E assim estava até que reparei nos olhos brilhantes dela. Assustei-me um pouco, precisei olhar mais fixamente (algo que geralmente não faço) para ter certeza. Literalmente, I didn't see that coming: ela estava chorando. Não chorando-debulhando-se-escadalosamente-em-lágrimas; não, chorando timida, ressabiadamente, como quem não quer de forma alguma fazer parte de uma cena no metrô.

Eu já tinha gostado dela; geralmente gosto das pessoas que me chamam a atenção - geralmente as pessoas me chamam a atenção porque gosto delas. Mas vê-la lacrimejando (diga-se de passagem, seu esforço em se controlar surtiu efeito, acredito ter sido só eu a notá-la (talvez os demais sequer se importassem)) me fez gostar ainda mais dela.

Ou melhor, mais precisamente, me fez sentir um peso na alma por vê-la triste, um aperto no coração por não ter uma bala nem uma coragem para levantar e ir até ela dar-lhe uma balinha com uma boa carga de energias boas, um abraço implícito que pudesse tentar confortá-la um pouco.

Quando ela desceu e se dissolveu na plataforma (aliás, minto - mesmo supostamente dissolvida ainda pude facilmente seguí-la com os olhos/mente), fiquei um pouco mal, por ela e por mim. Curioso como urgi em fazê-la sentir-se melhor, quizas fazê-la ficar bem.

Um comentário:

DePaula disse...

Stalkar uma garota chorando? Son, I'm disapoint.
Ficar quieto foi o melhor a ser feito. Se ela estava segurando o choro com força, melhor não mostrar pra ela que os outros estão vendo. Ou então ela adoraria que alguém aparecesse com um Replenish pra humidecer a lente dela, que a estava incomodando tanto...