CIENTIFICISMO + LIRISMO

Mas a vida é tão maior que as palavras...

"(...)quando o acontecimento não cabe nas palavras, eu costumo usar as palavras, ao contrário, para caberem no acontecimento. Não é a mesma coisa, né, mas quase serve."

(Thami)

domingo, 21 de junho de 2009

Circuito Musical


( CIRCUITO MUSICAL - ÍNDICE )

Tava guardando pra hoje, dia de show, pra já servir de aquecimento, a minha banda mais preferida de todas. Mineirinhos como eu, não têm nada demais mas são tudo que tem de bom, pra mim - e é essa a expressão maior da música. Com muito prazer, orgulho, pompa, trago a vocês, esta semana, Samuel Rosa de Alvarenga (15.07.66, formado em Psicologia pela UFMG), Antônio Henrique Rocha Portugal (19.03.65, formado em Economia pela PUC-Minas), Marco Aurélio Lelo Moreira Zaneti (26.12.67) e Haroldo Júlio Ferretti de Souza (17.06.69), o SKANK.


Em 1983, Samuel Rosa e Henrique Portugal começaram a tocar em uma banda de reggae chamada Pouso Alto, junto com os irmãos Dinho (bateria) e Alexandre Mourão (baixo). Em 1991, o Pouso Alto conseguiu um show na casa de concertos Aeroanta, em São Paulo, mas como os irmãos Mourão não estavam em Belo Horizonte, o baixista Lelo Zaneti e o baterista Haroldo Ferretti foram chamados para o show, que aconteceu em 5 de junho de 1991 e, devido á final do Campeonato Paulista no mesmo dia, o público pagante foi 37 pessoas. Após o show, o grupo mudou seu nome para Skank, inspirado na música de Bob Marley, "Easy skanking", e começou a tocar regularmente na churrascaria belohorizontina Mister Beef.

A proposta musical inicial era uma adaptação do dancehall jamaicano aos ritmos brasileiros. Esse formato de reggae eletrônico era uma natural evolução do tradicional reggae de raíz, popularizado por Peter Tosh, Bob Marley e Jimmy Cliff.


O primeiro álbum do grupo, "Skank", gravado de forma independente, foi lançado em 1992. O sucesso underground despertou o interesse da poderosa Sony Music que, com a banda, inaugurou no Brasil o selo Chaos, relançando o álbum em abril de 1993. Os singles "O Homem Que Sabia Demais", "Tanto" e "In(Dig)Nação" levaram o grupo a mais de 120 concertos pelo Brasil, que resultaram na vendagem de 120 mil cópias do álbum de estréia.

Seu segundo disco, de 1994, foi o trampolim para o estrelato: mais de 1 milhão de cópias de "Calango" e top-hits como "Jackie Tequila" e "Te Ver". O álbum abriu as portas para uma nova geração de bandas brasileiras atentas às novidades do rock mundial e, ao mesmo tempo, curiosa com as raízes da tradição local. Se destacaram nas rádios as canções "É Proibido Fumar", "Te Ver", "Pacato Cidadão", "Esmola" e "Jackie Tequila", resultando em 1 200 000 cópias vendidas do álbum.

O disco seguinte foi ainda mais longe (tanto em sua missão de fusão quanto em seu sucesso comercial): "O Samba Poconé" levou o grupo a se apresentar na França, Estados Unidos, Chile, Argentina, Suíça, Portugal, Espanha, Itália e Alemanha, em shows próprios ou em festivais ao lado de Echo & The Bunnymen, Black Sabbath e Rage Against The Machine. O single "Garota Nacional" foi um sucesso monstruoso no Brasil e liderou a parada espanhola (em sua versão original, em português) por inacreditáveis três meses - a canção foi o único exemplar da música brasileira e integrar a caixa "Soundtrack for a Century", lançada para comemorar os 100 anos da Sony Music. Os discos da banda ganharam edições norte-americanas, italianas, japonesas, francesas e em diversos países ao redor do mundo. O álbum atingiu a marca de 1 800 000 cópias.


O Skank foi convidado pela FIFA a representar seu país no álbum "Allez! Ola! Olé!", disco oficial da Copa de 98, com uma versão alternativa de "É Uma Partida de Futebol".

O envolvimento da banda com o futebol é notório. Além de "É Uma Partida de Futebol", um dos grandes hinos do esporte, os mineiros participam com frequência do RockGol da MTV - foram os campeões da primeira edição, em 95, e em 99; vice em 2000 e 2001; e terceiro em 2007; além de ter Samuel Quentin Tarantino Rosa (por conta do penteado sempre semelhante ao do diretor) como um dos grandes nomes da história do evento. Samuel é cruzeirense fanático; Henrique, também cruzeirense; Lelo e Haroldo, atleticanos.


De volta aos discos, em Siderado, mostrando amadurecimento e uma aproximação com o rock, o grupo trabalhou com John Shaw e Paul Ralphs, produtores britânicos, e gravou e mixou o álbum no lendário estúdio londrino Abbey Road, imortalizado pelos Beatles - ídolos supremos da banda. O álbum foi lançado em julho de 1998. "Resposta", "Mandrake e Os Cubanos" e "Saideira" se tornaram hits, e o álbum vendeu 750 mil cópias.

Em 99 a banda participou do "Outlandos D'Americas", tributo de grupos sul-americanos ao The Police, gravando "Estare Prendido En Tus Dedos", versão de "Wrapped Around Your Finger", bastante elogiada por Stewart Copeland, bateirista da banda inglesa.

Em 2000, com produção de Chico Neves e Tom Capone, foi lançado "Maquinarama", um divisor de águas na carreira da banda, que deu prosseguimento à aproximação ao rock, inicadas sob os ares ingleses e beatles-ísticos de Abbey Road - foi o primeiro do que a banda chamou de "Triologia brtânica". O sinal mais claro de mudança foi a não utilização de metais. Os principais singles foram "Três Lados", "Balada do Amor Inabalável" e "Canção Noturna", e o disco vendeu 275 mil cópias. (Meu preerido, by the way.)


Em 2001, com a parceria da MTV Brasil, o grupo grava na cidade de Ouro Preto o seu primeiro disco ao vivo. "MTV Ao Vivo em Ouro Preto" vendeu 600 mil cópias. A única canção inédita, "Acima do Sol", liderou as paradas de rádio no país. No ano seguinte Samuel Rosa participou em "É Proibido Fumar" do Acústico MTV de Roberto Carlos.

O início de 2003 foi investido na meticulosa preparação de "Cosmotron", também com a produção de Tom Capone, segundo da trilogia, álbum que chegou às lojas merecendo rasgados elogios da imprensa: "canções pop processadas em cuidadosos laboratórios", "ratificando o Skank como o mais criativo grupo pop dos anos 90". Dois Rios", "Vou Deixar" e "Amores Imperfeitos" foram as faixas que se destacaram, e o álbum vendeu 250 mil cópias. O grupo se lançou, enquanto isso, em mais um giro internacional, com passagens por Portugal, Inglaterra e Bélgica, além de uma histórica apresentação no palco principal do festival de Roskilde, na Dinamarca, ao lado de grupos como Blur e Cardigans.

"Radiola", lançada em outubro de 2004, foi a primeira compilação do Skank, com foco em "Maquinarama" e "Cosmotron". A regravação de "Vamos Fugir" de Gilberto Gil e Liminha foi uma das quatro canções inéditas. "Radiola" vendeu 200 mil discos. Assim como "Vou Deixar", no ano anterior, "Vamos Fugir" foi a canção com maior comercialização de ring tones em 2005. O álbum conta ainda com mais três inéditas: "Um Mais Um", "Onde Estão?" e "I Want You", nova versão da música de Bob Dylan (uma em português faz parte do primeiro disco), gravada no final de 99 para um tributo a músico, que nunca chegou a ser lançado.


Em março de 2006 a banda iniciou em Belo Horizonte as gravações de seu nono álbum, Carrossel, o sétimo com canções inéditas e último da trilogia britânica. O trabalho recebeu novamente ("Maquinarama") a produção de Chico Neves e Carlos Eduardo Miranda, produtor do Acústico MTV d'O Rappa. O álbum foi lançado em agosto do mesmo ano e emplacou os hits "Uma Canção É Pra Isso", "Mil Acasos" e "Seus Passos". No disco são apresentadas novas parcerias - Arnaldo Antunes e César Mauricio.

Ainda em 2006, a banda é o primeiro grupo brasileiro a ter um álbum lançado em formato digital. A fabricante de celulares Sony Ericsson lança um aparelho com o álbum "Carrossel" completo e o videoclipe de "Uma Canção é Pra Isso". Em Abril de 2007, o Skank, também de forma inédita, recebe o "Celular de Ouro", reconhecido pela APBD, pela vendagem de 61000 unidades do produto.

Em fevereiro de 2008, o grupo retoma a parceria com Dudu Marote e grava "Beleza Pura", de Caetano Veloso, para a abertura da novela de mesmo nome.


Talvez procurando recuperar um pouco da alegria que marcava a primeira fase de sua carreira, a banda traz de volta o produtor Dudu Marote, responsável por seus discos de maior sucesso comercial: “Calango” (1994) e “O Samba Poconé” (1996). Em outubro de 2008 lança "Estandarte", no qual, por cima das levadas dançantes e refrões memoráveis, há uma chuva de guitarras, incluindo algumas das mais pesadas já gravadas pela banda. Nas palavras de Samuel, “é um disco mais para fora, mais contundente”. O grupo também comentou que, pela primeira vez, eles foram para o estúdio com a intensão de gravar um álbum mas sem ter nada em mente, nada programado; juntavam-se no estúdio e arranhavam jam sessions, até comporem as música - que contam com participações, especialmente nas letras, dos parceiros já consagrados: Nando Reis ("Resposta", "Dois Rios"...) e Chico Amaral ("Três Lados", "Canção Noturna", "Amores Imperfeitos"...). O disco foi considerado pelos integrantes, pois, como o mais puro e "cru" que já fizeram, o som que representa simplesmente eles se divertindo tocando música.

Fontes:
Skank.uol
Wikipedia
Last.fm


O show de hoje é o segundo que eles fazem aqui na turnê "Estandarte" - o primeiro foi no segundo semestre do ano passado, logo após o lançamento do disco.



















O Skank não é a melhor banda do mundo. O Samuel não é o melhor vocalista, guitarrista nem compositor. O Lelo não é o melhor baixista. O Haroldo não é o melhor baterista. O Henrique não é o melhor tecladista. Eles não são nenhum fenômeno comercial, tampoco a banda mais bem sucedida do mundo (apesar de terem se saído até aqui muito bem, obrigado).

(Ah, mas uma coisa que eu acho que eles tão entre os melhores: tocam demaaaais ao vivo!)

Mas são minha banda preferida. Acima, até, dos Beatles.

Por quê?

Porque, como eu disse no começo do post, eles são a expressão maior da música, pra mim. Música não é (só) qualidade/habilidade/capacidade. Música é, fundamentalmente, sentimento, emoção, alma, simpatia, afinidade. O Skank, seus integrantes, sua música, estão em sintonia comigo. Isso é música. E isso é amar música.



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