O voto é o ápice do exercício da cidadania no regime democrático. Através desse direito, podemos escolher nossos representantes e, assim, pôr em prática o “governo do povo, pelo povo e para o povo”, como idealizou Abraham Lincoln, um dos maiores políticos da história e fundador do constitucionalismo estadunidense. Tal exercício, no entanto, só pode ser alcançado mediante consciência ao fazer-se as escolhas.
Consciência, como consta no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é o "entendimento acerca de ou interesse por determinado tema ou idéia", de modo que pressupõe um conhecimento acerca daquele determinado tema ou idéia. No caso da cidadania, esse conhecimento é trabalho de um processo de formação e educação do indivíduo, que se inicia ainda na infância e resulta na possibilidade do exercício da cidadania pelo mesmo.
Obrigar alguém a exercer um direito é, no mínimo, paradoxal. A obrigatoriedade do voto é resultado da falta de consciência da população de forma geral, que não consegue enxergar o direito de votar como um mecanismo fundamental no exercício da sua cidadania e na construção de um governo bom. A opção por votar ou não, conferida pela Constituição aos jovens entre dezesseis e dezessete anos de idade, é a expressão mais legitima da cidadania.
Dados estatísticos da Justiça Eleitoral mostram que o número de eleitores nessa faixa etária caiu quase à metade entre 1992 e 2007, indício de que o processo de formação e educação do jovem brasileiro deixa muito a desejar. Esse é somente mais um dentre muitos elementos – como o estado patético das escolas públicas nacionais e o relatório divulgado, em janeiro deste ano, pela Campanha Global pela Educação, o qual traz o Brasil em 16º lugar no ranking dos avanços para cumprir as metas do programa Educação para Todos (EPT) – que mostram a precariedade da educação no Brasil.
A obrigatoriedade do voto não é uma solução para essa questão. Aqueles que não votaram, quando tiveram a opção, ao se verem obrigados a votar, o farão de forma displicente, de má vontade, sem nenhuma consciência do papel que (não) estão desempenhando. A resposta está na disponibilização de recursos que possibilitem a construção dessa consciência, que não só levará os jovens a votar por vontade própria e de maneira consciente, como, no futuro, estenderá essa realidade a toda a sociedade. O voto é um direito, não pode, portanto, ser tratado como um dever; o único ente com a responsabilidade de obrigar um indivíduo a votar é sua consciência.
2 comentários:
"A resposta está na disponibilização de recursos que possibilitem a construção dessa consciência, que não só levará os jovens a votar por vontade própria e de maneira consciente, como, no futuro, estenderá essa realidade a toda a sociedade"
Há séculos atrás, eu fiquei de postar no meu blog algo sobre a construção da cidadania. Quem sabe, um dia, eu consiga, né? =P
Para a solução do problema que levantaste aqui, não vejo saída rápida. Só educação mesmo. E ainda assim, isso não é uma grande garantia. Existe uma gama de aprticularidades sobre democracia, e mais ainda sobre democracia brasileira. Tal multiplicidade de variáveis a serem consideradas me deixa ocm preguiça de postar no blog... =P
abraço ^^
entendo perfeitamente. fiz isso aqui como redação pra português na escola, e ainda assim ficou meio superficial. preguiça de falar de tudo, é muita merda ;P
abraço de volta ^^
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